Certa vez ouvi dizer que havia uma pessoa capaz de fazer os mortos andarem. Até ai tudo bem, já que necromância não era novidade para mim. Mas o fato é que ele usava seus poderes somente em beneficio próprio. Se aproveitando da ignorância de camponeses humildes.
Conheci sua fama certa tarde em uma de minhas andanças, estava em uma cidade cantando e tocando meu alaúde para arrecadar algumas moedas para poder jantar e me abrigar. Uma senhora se aproximou e me pediu que contasse uma história sobre aquele que dava vida aos mortos. Ela ficou espantada em descobrir que um bardo velho como eu, nada sabia do tal homem.
Fiquei curioso em conhecer os métodos usados por essa figura misteriosa, e conseguindo algumas informações, logo sabia onde o encontrar. Segui alguns dias rumo ao uma vila de criadores de porcos, e logo vi uma movimentação estranha. Chegando perto notei que havia um corpo caído no chão, e se destacando dos demais presentes, um elfo que proferia algumas palavras mágicas .
Master Killer era um elfo dourado, uma das raças mais arrogantes de todo o mundo conhecido. Tinha uma aparecia sombria, com roupas pretas e botas de couro de mastins. Os cabelos compridos lhe caiam no rosto magro e pálido, enquanto sussurrava algumas palavras no ouvido do cadáver. Depois de um tempo ergueu as mãos em cima do morto, e uma estranha energia de cor azulada escorria de seus dedos, penetrando no corpo sem vida.
Então houve silêncio, e depois de algum tempo o morto abriu os olhos, se levantou e de pé permaneceu sem dizer nada, somente observando a multidão. Seus parentes perguntavam ao mago a razão do seu estado de estagnação, e o elfo respondia que era normal, era um tempo de readaptação do espírito com o corpo, que em um ou dois dias ele já estaria normal.
Depois disso, Master Killer cobrou seu preço, levando o pouco dinheiro que a família possuía, dois barris de vinho, e alguns porcos. Feito isso, subiu em seu cavalo e partiu.
Permaneci ali mesmo para descobrir o que iria acontecer com o homem que vivia pela segunda vez. O homem realmente andava, mas era um andar arrastado e seu olhar parecia perdido, dava algumas voltas e parava por um longo tempo novamente. E não foi surpresa que no final do segundo dia, o corpo se desfez, sobrando apenas uma pilha de ossos, carne podre e vermes.
De certa forma, já esperava por isso, conheço magia necromante quando vejo. E essa era uma bem fraca, somente de reanimação de cadáver, mas as pessoas daquele lugar não têm muito contato com o que acontece no mundo e não é comum magos reanimando corpos por ali. Por isso achavam que o enganador era um tipo de enviado dos deuses, e que era justo lhe pagar tributo por tal feito.
Resolvi então seguir seus rastros para conhecer essa sombria figura...

